No fundo da lagoa que abastecia
de água a aldeia Vajrakutir, havia um diamante. Dois homens resolveram procurar
a valiosa gema observando a partir da superfície. A face norte da lagoa era
assolada por ventos que encrespavam a superfície das águas. Do outro lado, na
face sul, as montanhas protegiam-na dos ventos e a superfície era serena. Assim, o homem que tentou ver o
fundo da lagoa pelo norte nada enxergou, pois havia uma barreira de turbulência
entre ele e a pedra preciosa. Mas o que divisou pelo sul, conseguiu ver o fundo
da lagoa e o tesouro que lá estava.
A lagoa é a mente. O diamante é o
Púrusha, o Self, a Mônada. A superfície
encrespada é a turbulência das ondas mentais (chitta vritti). A superfície
serena corresponde à supressão da instabilidade da consciência ( chitta vritti
nirôdhah*).
Praticando meditação, nosso
objetivo é parar a mente e passar a fluir a consciência por outro canal, o do
conhecimento direto ou intuição. Parando as ondas mentais, podemos ver o
diamante no fundo de nós mesmos, ou seja, alcançar o autoconhecimento.
*Chitta, habitualmente traduzido
como mente, significa mais apropriadamente consciência. Vritti, pode ser
traduzido como onda, vibração, modificação, instabilidade. Nirôdhah, significa
cessação, supressão, eliminação. Assim sendo, podemos traduzir a célebre
definição do Yôga Sútra “Yôga chitta vritti nirôdhah” como “o Yôga é a parada
das ondas mentais” ou, numa tradução melhor, “o Yôga é a supressão da
instabilidade da consciência.”
Fonte: Tratado de Yôga,
DeRose.
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