terça-feira, 18 de setembro de 2012

Yôga comercial?

Uma aluna veio me mostrar hoje durante a nossa prática de SwáSthya, esse quadro que ela viu no mural de um instrutor de Yoga (sem acento) aqui de Bauru.:


Eis minha visão da situação:


Shiva, é o bailarino real, Shiva Natarája. O criador do Yôga se mostra numa das estatuetas mais conhecidas dessa figura mitológica, dançando. Penso que quem trabalha com o Yôga e enfatiza movimentos coreografados está prezando pelas tradições mais antigas. Shiva não só dança, mas também toca o damaru, que dá ritmo ao Universo. Simboliza a vida em movimento. Ou seja, a música está presente na prática ascética desde tempos imemoriais.
Para que haja uma movimentação que use a totalidade do ser, é necessário força e flexibilidade caminhando juntas, de mãos dadas, para que nenhuma parte do seu corpo esteja deficiente e te impeça de realizar movimentos amplos, belos e conscientes.
Todos as linhas de Yôga devem ter como meta a hiperconsciência, o samádhi. Se não tem essa meta, não é Yôga.
Para se chegar nessa meta é necessário treinar com afinco, humildade, disciplina, vontade, dedicação e auto-superação as técnicas todas: mudrás, pújá, mantra, pránáyáma, kriyá, ásana, yôganidrá e samyama. Assim se alcança a cessação da instabilidade da consciência.
Praticando todas as técnicas com afinco, humildade, disciplina, vontade, dedicação e auto-superação é inevitável colher os benefícios disso tudo: força, flexibilidade, saúde, bem-estar, corpo perfeito etc. E com certeza tudo isso ultrapassa as questões de um simples exercício. É um treinamento de vida, uma filosofia, um estilo que acaba se incorporando à essência do praticante.
Quem pratica Yôga porque gosta e não porque precisa, sente prazer em tudo isso e obviamente expressa esse contentamento em sua expressão facial. É uma pessoa que enquanto pratica, sorri naturalmente, pois nesse momento está satisfeita e feliz com o que realiza.

Você acha que isso é um Yôga comercial?

O Yôga é o Yôga! Quem pode ser ou deixar de ser comercial é o instrutor. Você cobra pelas suas aulas? Está inserido no mercado do Yôga na sua cidade? Se sim, você é comercial. O que eu penso que é plenamente natural, pois vivemos numa sociedade comercial e quem não é, está alienado, fora da “casinha”, rs, literalmente. Se Yôga é união e integração, mas você que é instrutor se coloca a margem da sociedade, pois não quer ser comercial, você não está praticando a verdade do Yôga.
Eu estou inserida no mercado e sou comercial sim, pois essa é a minha profissão. Eu escolhi assim, pois prefiro me dedicar integralmente ao Yôga. Agora quem é professor, nas horas vagas, também não merece ser levado a sério. Por exemplo, a pessoa tem uma outra profissão ortodoxa, e dá algumas aulas de Yôga no tempo que sobra. Ela tem tempo para estudar, praticar e se aprofundar no Yôga? Não! Ela precisa se dedicar à sua verdadeira profissão, a que lhe rende sua renda, aí o Yôga fica de hobby, para as horas que sobram.
Acredito que cada um deve ser feliz como lhe cabe a felicidade. Mas é aos que estão procurando um instrutor de Yôga e não um charlatão, que eu deixo essa mensagem: saiba escolher que tipo de instrutor você quer. Você quer um que não é comercial, que não enfatiza em suas práticas flexibilidade, saúde e bem-estar, um instrutor que não se importa com as tradições, um instrutor que tem outra profissão paralela, um instrutor que fica falando mal das outras linhas? Aí fica o critério de cada um.

Só para reiterar: como pode um instrutor de Yôga que não preza nem pelo código de ética do yôgin, que é o código de ética do ser humano? Dá para levar a sério uma pessoa que não tenha ética em sua vida?
Sinceramente, eu não consigo reconhecer como um bom profissional quem vem com um “discurso” de união, mas fica postando em seu mural do facebook quadros, piadinhas e frases que atacam indireta ou diretamente outras linhas.
Não consigo reconhecer como um bom profissional, uma instrutor que fala para um praticante de SwáSthya quando ele pergunta qual a diferença entre as linhas, que SwáSthya para começar nem é modalidade de Yôga, é marca.
Aliás, essa pessoa tem que ser mesmo corajosa para ter esse tipo de atitude. Corajosa e sem percepção nenhuma, mostrando que realmente Yôga não faz parte de sua vida, pois está atolada na ignorância e em atos de pequeneza. E como eu já disse no texto Esclarecimento Essencial, precisa estudar e praticar mais, para desenvolver suas percepções sobre si mesmo e sobre o universo que o rodeia e assim conseguir ter atitudes mais nobres e refinadas, dignas de um yôgin.

Eu aproveito o tempo fora das salas de aulas, para estudar, praticar, escrever e tirar dúvidas de alunos ou de pessoas que não são diretamente meus alunos, mas que praticam em casa, sozinhos. Sempre me coloquei à disposição de todos que querem aprender mais e que me procuram. Mas ser obrigada a me dedicar a escrever esse tipo de texto, me cansa. Porém, é necessário! Se vejo esse comportamento em algum instrutor que se relaciona comigo de alguma maneira, sinto que preciso esclarecê-lo e também serve para o público em geral que precisa também ter esse tipo de esclarecimento.

Escolha com consciência seu instrutor e sua linha de Yôga.

Antes de escolher, faça uma aula experimental com todos os instrutores que você conhece ou te indicaram, para depois, a partir da identificação com o instrutor e com a linha, você possa escolher conscientemente o que vai praticar.

Agende uma aula experimental comigo: 14 9738 3613

Texto por Marina Engler

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